Memórias
Estava a olhar para uma cicatriz que tenho na minha mão e lembrei-me imediatamente de como foi feita e do momento, parecia que estava a ver aquilo a acontecer novamente. Isso levou-me a pensar que assim como as marcas, cicatrizes que temos no corpo, aquelas que são visíveis, temos também outras que, mesmo não sendo visíveis, são por vezes mais profundas e mais graves do que aquelas que são perceptíveis a quem as olhar.
Podemos olhar para uma pessoa e pensar que a conhecemos, mas não sabemos nem metade do que ela passou ou aquilo que ela carrega ou até mesmo das cicatrizes da sua alma, que vai rompendo o seu amor-próprio e até mesmo a sua humanidade.
Falando um pouco da minha história e das minhas memórias, eu tento esquecer e principalmente esconder as minhas cicatrizes que não são visíveis. O porquê de tais actos, não sei responder, pode ser por vergonha, ou porque simplesmente custa muito lembrar e assim, faço de conta que nunca aconteceram, mas existe sempre um momento em que sou reportada para aquele momento que quis esquecer e aí, sem escapatória sou obrigada a lembrar, uma e outra vez.
Sei que estou errada e ao escrever noto isso mesmo...que o melhor não é esconder, porque o tamanho da ferida só vai aumentar com o tempo.