Ontem tive mais uma discussão com o meu marido. Infelizmente tornou-se um hábito difícil de evitar. Tenho um amor/casamento bipolar, que mudou muito desde que casei ou se calhar sempre foi assim e eu nunca reparei, até aos dias de hoje.
No meio da discussão ele disse uma frase que eu fixei: "Vives num mundo de ilusão, de fantasia.". Refleti sobre o que ele disse e devo confessar, que ele tem razão. Eu recuso-me a acreditar que a vida é só isto, discussões diárias, amarguras, falta de amor, falta de respeito, cinismo, egoísmo. As ilusões, os sonhos, são o meu refúgio pois fazem-me acreditar num amanhã melhor, fazem-me ter esperança, afastam-me da escuridão, da insanidade, da depressão, caso contrário a vida seria muito difícil de suportar.
Eu sonho, sonho, vôo muito alto, e depois apercebo-me que não tenho asas e como Ícaro, caio em queda livre e magoo-me sempre.
Será então que vale a pena sonhar, se logo após sofro com a desilusão? Será isto uma característica masoquista? Ou será apenas que sonho para suportar esta existência que eu não compreendo? Seria tão mais fácil se eu fosse mais "down to earth" se eu tivesse os pés bem assentes na terra, se fosse mais realista.....mas será que devo contentar-me com aquilo que tenho, mesmo querendo mais, mesmo estando sumariamente infeliz?! Na minha mente vagueiam inúmeras questões, muitas delas retóricas, é verdade, mas se pelo menos tivesse uma bola de cristal!!
Por vezes sinto que estou à espera de algo, não sei explicar, até a mim soa-me estranho, mas é aquilo que sinto... Se calhar o que eu tanto procuro não existe, na realidade, apenas na ficção.
Provavelmente a minha sanidade foi afectada ou é apenas uma crise existencialista.
É mesmo à jean-Paul Sartre.
Comecei este blog para poder libertar a pressão que toda esta confusão fazia no meu peito, para poder respirar melhor, sentir-me mais tranquila. Sou muito reservada e tenho uma certa dificuldade em exprimir-me e principalmente em falar com os outros acerca de mim. E com este blog, eu consigo-o fazer. Não sei se será o facto de ninguém o ler, ou se é o facto de qualquer um o poder fazer sem me conhecer e sem eu o saber. Confesso que é complicado, mas....não tem de fazer sentido...não tem de ser racional...é simplesmente... assim.
